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Será que sou um impostor?

Será que sou um impostor?
Por Psc. Renato Vidal (CRP 13/4146) – Maio de 2014

Essa pergunta, por mais bizarra que pareça, não é incomum (de forma consciente ou inconsciente) nos pensamentos de muita gente. Bizarra, pois ser ou não um impostor, pessoa que afirma ser quem realmente não é, deveria ser uma coisa muito clara. É uma qualidade ligada a outras características negativas de personalidade ou comportamento, como desonestidade, falsidade e a mentira.

Ser ou não ser um impostor não é uma questão fácil para muitos. Muito se vem estudando sobre um quadro psicológico que ainda não foi categorizado chamado até agora “Síndrome do impostor”. Em muitos casos, em consultório, escuto pessoas falando de sofrimentos ligados, principalmente, à vida profissional ou acadêmica que se enquadram bem na filosofia dessa síndrome com nome engraçado. 

Pessoas que a vivenciam tendem a apresentar quadros de ansiedade e baixa autoestima quando estão em ambientes e no mesmo nível hierárquico que colegas de profissão, e pensam que não deveriam ou mereceriam estar ali. É a famosa sensação do “peixe fora d’água”. Um exemplo recente é a da atriz inglesa Emma Watson que, frente a uma legião de fãs, afirmou que se sente uma fraude e que não merece o sucesso que alcançou, mesmo considerando sua história desde criança dentro de sets de filmagem, sucessos de bilheteria e crítica. “Parece que quanto melhor eu me saio, maior é o meu sentimento de inadequação, porque penso que em algum momento, alguém vai descobrir que eu sou uma fraude e que eu não mereço nada do que conquistei”, afirmou.

O discurso dessas pessoas é muito parecido. É o medo de ser descoberto, de ser visto como a fraude que ele pensa que é. O medo de ser perguntado algo que ela não sabe e ser ridicularizada e expulsa do ambiente. Elas simplesmente desqualificam seus méritos por estarem ali, acreditando que tudo foi obra do acaso, da sorte ou de outra força qualquer que não possuímos controle. Esse tipo de pensamento, em Terapia Cognitiva, é chamado desqualificação do positivo, que é uma entre as muitas distorções cognitivas vistas em listas encontradas nos livros sobre o tema.

Finalmente, é um assunto muito interessante que merece ainda muita pesquisa. Para os Psicólogos de plantão, estudem isso, pois nos ajuda muito a entender bem os problemas de muitos de nossos pacientes. Aos demais, prestem atenção nos pensamentos que acompanham suas ansiedades nesses momentos. Afinal, será que você é um impostor? 

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