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Bater ou não bater? Eis a questão

Às vezes me perguntam em consultório se é "certo" bater no filho. Essa pergunta se origina, obviamente, de pacientes que têm filhos. "Esses psicólogos dizem que não pode bater, senão traumatiza. Mas eu cresci apanhando e sou uma pessoa educada", dizem mais ou menos nesses termos.

Há várias discursões sobre isso do ponto de vista psicológico, pedagógico, sociológico, religioso, etc.

Eu gosto de ver esse tema polêmico de uma forma bem técnica. Primeiramente é bom diferenciar bater de espancar. O espancamento com cinto, socos e pontapés é, no mínimo, uma coisa muito triste, apelativa e lamentável. Na verdade fala muito mais sobre quem bate do que sobre quem está apanhando. O bater que muitos defendem é mais leve, não provoca lesões físicas, mas talvez psicológicas em alguns casos. É mais “educativo”, “correcional”. 
Bater no filho, sem entrar em questões moralistas, não é recomendado pelos psicólogos por que é uma solução pouco eficiente. "Ah, mas ele só para quando bato". Aí é que está o problema. O genitor bate, pois vê eficiência, mas no fundo a criança não aprende muito com isso, do mesmo jeito que dirigimos mais rápido quando sabemos que a lombada eletrônica não está funcionando. Esse tipo de punição funciona em curto prazo, sendo assim, um recurso fraco.

Existe pouca divulgação de métodos para se educar. Os pais dizem assim: "eu converso, converso e converso. Aí não funciona e eu bato". Vemos aí dois métodos: instrução e punição. Só que, pelo menos para os psicólogos comportamentais, existem mais métodos que podem ser utilizados com muito mais eficiência, tirando a necessidade da punição. Deve-se valorizar o poder do modelo (se quer seu filho se comportando bem, comece se comportando bem), do reforçamento sistemático do comportamento da criança (com prêmios, elogios, carinho e reconhecimento na hora certa) e das punições negativas (tirar algo que gosta, castigos, etc. Têm baixa eficiência se usadas de forma isolada). Outras técnicas deixo para outra hora, não é minha intenção me alongar muito.

Enfim, parece uma arte! Educar filhos é gostoso, mas difícil. Por isso não devemos deixar de lado técnicas e filosofias que ajudam muito. Leiam, peçam orientações e troquem experiências com os amigos e parentes.

Psc. Renato Vidal

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